Há tempos eu venho observando o processo de transformação do jeans. É macabro, mas as indústrias, aos poucos, resolveram encolher a numeração. O manequim 40 foi reduzido para o antigo número 38, e por aí vai. Eu sou a prova cabal disso: há mais de 10 anos mantenho o mesmo peso, mas atualmente não consigo entrar numa calça dessas, a não ser no meu bom e velho jeans.
A calça estilo saint-tropez, conhecida por manter o cós abaixo do umbigo, foi um estilo legal que veio para ficar, até que as indústrias, mais uma vez investindo no diferente, optaram por baixar alguns centímetros do cós e aquele saint-tropez que exibia apenas o umbigo, escancara hoje uma espécie de radiografia dos ovários, além de deixar a mostra o famoso cofrinho. Se você usa uma calça 38 ou abaixo disso, está livre desse problema, que é exclusivo das popozudas (entenda por popozudas as mulheres de quadris largos).
A pergunta que não quer calar é:
Se o que a indústria produz é reflexo de uma demanda ou de novos padrões de beleza, isso quer dizer que É O FIM DAS POPOZUDAS?
E outra:
Será que elas entraram em extinção ou a indústria de jeans provocou, com isso, o grande fenômeno da exclusão social das Popozudas?
Observe o dilema de uma popozuda na tentativa de comprar um jeans:
__ Pois não, em que posso ajudar? – pergunta a vendedora.
__ Eu queria ver uma calça…
__ Sim, qual o seu número?
Pausa. Pergunta difícil. Mas ela respira fundo e diz constrangida:
__ Depende muito da marca. Pode variar entre 40 e 42.
Então ela escolhe uma dúzia e meia de jeans já sabendo da dificuldade de encontrar uma única peça que lhe sirva e a vendedora a conduz para o provador. Ela prova a primeira. Não passou nos quadris. A segunda entrou, mas o bumbum ficou tão compactado que ela se sentiu o próprio Robocop. A terceira serviu, mas ficaria perfeito se ela engordasse uns dois quilos na altura da cintura. Descarta. E esse processo todo se repete nas próximas provas. Enquanto isso, a vendedora diz do outro lado:
__ E então, gostou de alguma?
A atriz mais famosa que bem representava a classe das popozudas era Juliana Paes. Juliana acordou num belo dia de sol decidida: “Não quero mais ser popozuda!”. E o bumbum de metro foi enxugado para alguns centímetros. Não foi de tanto beber antártica, acredite. Mas isso pode ser um reflexo do fenômeno da exclusão das popozudas promovido pelas indústrias…