Na Netflix, Don’t Look Up (Não Olhe Para Cima) está dando o que falar.
O filme é dirigido por Adam McKay, que foi inspirado por suas próprias inquietações em relação ao futuro da Terra devido às mudanças climáticas.
Ele também é autor de Tudo por um Furo (2013), A Grande Aposta (2015) e Vice (2018).
Do que se trata o filme Não Olhe Para Cima?
A comédia segue o professor Dr. Randall Mindy (Leonardo DiCaprio) e sua aluna Kate Dibiasky (Jennifer Lawrence), depois de descobrirem um enorme cometa vindo em direção à Terra a uma velocidade alarmante.
Eles tentam alertar a presidente dos EUA (Meryl Streep) com a ajuda do cientista Dr. Teddy Oglethorpe (Rob Morgan), mas infelizmente não é tão fácil quanto parece.
A presidente Orlean se preocupa mais com sua campanha do que com o futuro do planeta, e aprendemos rapidamente que a maioria das pessoas no filme realmente prioriza suas próprias vidas em detrimento da humanidade.
Alerta de spoilers
Embora o Dr. Mindy e Kate usem todos os esforços para alertar as pessoas sobre o cometa vindo em direção à Terra, as pessoas responsáveis simplesmente não se importam.
O presidente Orlean se junta a um bilionário de tecnologia chamado Peter Isherwell (Mark Rylance) depois de perceber que o cometa é feito de minerais muito valiosos.
Eles elaboram um plano que iria parar o cometa, mas preservaria o material caro. Esse plano, em última análise, falha. Os Estados Unidos se transformam em caos enquanto as pessoas se preparam para o fim do mundo.
Por outro lado, existem os negacionistas do cometa, que seguem a Presidente Orlean e se recusam a acreditar que a Terra está prestes a explodir.
No final, Dr. Mindy, sua família, Kate e seu novo crush Yule (Timothée Chalamet) se reúnem para um jantar agradável enquanto esperam a chegada do cometa. A casa começa a tremer e a cair enquanto tudo explode e a Terra é destruída.
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Cenas pós-créditos de Don’t Look Up
Embora Não Olhe Para Cima tenha dividido os críticos em sua metáfora pesada de mudança climática e um tom, muitas vezes, absurdo, continua sendo uma mistura única de tragédia e comédia também nas cenas pós-crédito.
Elas acontecem após a destruição da Terra, quando a nave de Isherwood chega a outro planeta habitável e libera os passageiros que puderam pagar para estar ali, em câmaras criogênicas.
O cenário não é diferente de um Jardim do Éden bizarro, com pessoas nuas, as primeiras do planeta, circulando em um paraíso exuberante.
Isherwood avisa a todos que podem se sentir tontos por causa do aumento do conteúdo de oxigênio na atmosfera, e ele prossegue citando a taxa de sucesso deles: “E as crio-câmaras tiveram 58% de sucesso, o que é muito melhor do que o esperado”.
A presidente concorda alegremente, mas algo chamou sua atenção, e ela se aproximou de um magnífico alienígena parecido com um pássaro.
A criatura imediatamente ataca o rosto dela e passa a devorá-la rápida e brutalmente. Conforme os outros animais da mesma espécie se aproximam para cercar o resto dos recém-chegados, a cena termina e retorna para os créditos.
Sátira à indústria
Essa cena também chama de volta para uma das partes em Não Olhe Para Cima que satiriza o domínio da indústria de tecnologia em quase tudo: o conhecimento de Peter Isherwood no Facebook por meio de dados e previsões algorítmicas.
Ele intimida Dr Mindy revelando que o algoritmo concluiu que o professor morreria sozinho e divulga à Presidente Orlean que ela morreria ao ser comida por um Bronteroc, o que quer que seja.
Momentos após o impacto do cometa, vemos Jason Orlean, que emerge dos escombros, percebe o que aconteceu e imediatamente começa a chamar pela mãe, que o esqueceu.
Jason começa uma transmissão ao vivo, declarando que é o último homem na Terra, concluindo: “Não se esqueça de curtir e se inscrever.”
Jason é um personagem exagerado, mas ele representa o privilégio enfadonho e o narcisismo de grande parte da América. Não é difícil imaginar quanto tempo vai durar sozinho…
O que McKay, Leonardo DiCaprio e Jennifer Lawrence disseram sobre o filme
“Vimos centenas de filmes onde o mundo está prestes a acabar, sejam os filmes da Marvel, James Bond ou os filmes de desastre dos anos 70, e sempre dá certo”, disse McKay ao The Times recentemente. “Acho que não é loucura dizer que talvez seja parte da razão pela qual não estamos levando a sério o colapso da atmosfera habitável”
“Elon Musk foi questionado sobre a mudança climática e disse, basicamente:
‘Eu sei que a tecnologia cuidará disso.’ Isso soa como alguém que viu muitos filmes onde você sabe que no terceiro ato vai dar certo. Para as pessoas verem um filme que termina onde não se trabalha para conseguir um final feliz — espero que algumas pessoas tenham uma reação a isso”.
“A comunidade científica tem tentado fazer essa conexão sobre como as nossas ações afetarão a todos — e então aqui você tem um vírus que ocorre uma vez em um século e todos ficam em casa”, diz McKay.
“Você ouve constantemente os aspectos práticos de por que não pode parar a economia de combustível fóssil, mas cara, nós fizemos muitas mudanças urgentes quando se tratava de COVID.
Por fim, muito disso desmoronou, mas achei que era um bom sinal de que, quando estamos devidamente assustados, alguma grande e velha mudança pode surgir no caminho”.
“O conceito central [do filme] é que bagunçamos a maneira como falamos, lucrando até mesmo com as trocas mais casuais”, disse ele.
“Seja no Snapchat ou TikTok ou na mídia social ou nas notícias, você precisa obter classificações, precisa obter cliques. Isso não é culpar ninguém ou dizer o mal de ninguém. É o sistema que criamos. Mas estamos em uma situação realmente perigosa porque quando tudo é uma troca de vendas, você nunca vai ouvir a verdade sombria”.
Confrontado com o verdadeiro fim iminente do mundo, McKay diz que imediatamente se tornaria um fumante em tempo integral novamente e procuraria o bife de queijo mais insalubre que pudesse encontrar. Mas ele espera que eventualmente encontre seu caminho para um tipo semelhante de graça.
“Tive um ataque cardíaco há cerca de dois anos e meio; felizmente, foi leve e não houve danos, graças a Deus ”, disse ele. “Mas cara, eu não consegui parar de sorrir por três dias. Eu estava com o melhor humor que você já viu. Eu estava tipo, ‘Estou vivo!’ E eu ouvi dizer que quando as pessoas estão com doenças terminais têm essa reação, que cada momento se torna tão delicioso e precioso. Eu ficaria curioso para ver se isso funcionaria. ”
Leonardo DiCaprio foi atraído para o projeto não apenas pela comédia afiada, mas pela própria tristeza do final.
“O final deste filme fica realmente sombrio e, se não houvesse essa mudança de tom, não acho que estaríamos tão empolgados quanto estávamos para fazê-lo”, disse DiCaprio, que tem trabalhado para alertar sobre o clima por anos. “Você nunca pode dizer o que um filme fará culturalmente, mas o final deste filme é realmente um tapa na cara.”
“Tenho certeza de que posso dizer isso em nome de quase todo mundo: é extremamente frustrante ser um cidadão que acredita nas mudanças climáticas e tem medo, mas não faço parte disso — você sabe, não posso comprar um senador — então estamos meio desamparados”, disse Lawrence. “E, finalmente, este [projeto] apareceu e era simplesmente engraçado e urgente.”
* com informações de Los Angeles Times
Não Olhe Para Cima é uma comédia com crítica social, entretanto é importante lembrar que não se trata de ser alarmista.
As mudanças estão acontecendo mais rapidamente do que estava previsto pelos cientistas.
As emissões de gases de efeito estufa causadas pelo ser humano são a principal razão pela qual o planeta está aquecendo a uma taxa nunca vista em milhões de anos. Não existe dois lados nessa história.