A equipe de empregados, composta exclusivamente por negros, parece presa em um papel submisso. Walter (Marcus Henderson), o zelador, evita contato visual, enquanto a governanta Georgina (Betty Gabriel) age como um fantasma. A desconfiança de Chris aumenta.
O flash da câmera de Chris revela a verdadeira identidade de Logan King, o outro convidado negro presente na festa dos Armitage. Quando ele tira uma foto, os olhos de Logan mudam para uma cor branca fantasmagórica, e ele grita desesperadamente para Chris: “SAIA!”.
Essa revelação chocante indica que Logan não é quem parece ser. Na verdade, ele é Andre Hayworth, a pessoa desaparecida que Chris havia visto em fotos e artigos de jornal antes da visita à família da namorada.
A cena levanta questões sobre os experimentos macabros que os Armitages realizam em pessoas negras. Sugere que eles estão transplantando cérebros de negros para corpos brancos por meio de uma técnica hipnótica.
Chris é jovem, atlético e saudável, ou seja, se encaixava perfeitamente na busca dos Armitages. Ele representa a personificação do “corpo superior” negro que tanto desejavam.
No entanto, um detalhe os incomoda: Chris é fumante. Na visão deturpada dos Armitages, um corpo “defeituoso” como esse não é aceitável para o projeto.
Para solucionar esse problema, Missy usa técnicas hipnóticas para submeter Chris a uma lavagem cerebral durante a hipnose. Através de associações subconscientes, ela o fez parar de fumar, “consertando” o que os Armitages consideravam um defeito.
A xícara nas mãos da Sra. Armitage representa um instrumento de controle e manipulação. É dessa forma que ela administra a poção hipnótica que subjuga Chris e o envia para o “Lugar Submerso”, um estado mental de submissão e passividade.
Nesse estado, a vítima se torna uma mera observadora do próprio corpo, incapaz de agir ou reagir. a louça é a ferramenta que os Armitages utilizam para subjugar a mente dos negros e transformá-los em marionetes sem vontade própria.
O ato de servir chá em uma xícara também é visto como um ritual que representa a falsa cordialidade e hospitalidade da família Armitage. Essa falsa gentileza esconde seus verdadeiros motivos: subjugar e explorar os negros.
O Sr. Armitage, com humor ácido e piadas sobre raça, tenta mascarar o incômodo que Chris sente. A Sra. Armitage, por outro lado, exala uma falsa gentileza que não consegue enganar o instinto aguçado do fotógrafo.
Em uma festa no jardim, Chris se aproxima do único outro convidado negro, um homem que parece fora do lugar, vestido como um velho branco e agindo de maneira estranha. Quando uma foto é tirada, seus olhos mudam, e ele grita para Chris: “SAIA!”.
Mas Chris, cego pela confiança, ignora o aviso, e logo se vê arrastado para o plano macabro dos Armitage.
A vida de Chris toma um rumo sinistro quando ele se vê capturado e mantido refém pelos Armitages. Dean, o patriarca da família e cirurgião de profissão, organiza um leilão macabro do corpo de Chris como se fosse um objeto, uma cena que ecoa os horrores da escravidão.
O corpo de Chris é arrematado por Jim Hudson, um negociante de arte cego que deseja ter a habilidade aguçada da vítima. Enquanto os Armitages acreditam que Chris está completamente hipnotizado, o protagonista luta silenciosamente pela liberdade.
Em um ato de astúcia e resistência, Chris enche os ouvidos com algodão, uma referência à cruel história da escravidão americana, para se proteger do feitiço hipnótico de Missy. Essa pequena rebelião interna lhe concede a força necessária para escapar da mansão dos Armitages após uma luta brutal com Jeremy, o irmão maluco de Rose.
Chris tenta desesperadamente contatar o mundo exterior e implora para Rose que o ajude a fugir. No entanto, a cada passo, seus planos são frustrados. Seu celular é propositalmente deixado sem bateria pela empregada dos Armitages, e Rose, leal à família, tenta acalmá-lo.
Infelizmente, Chris ignora os próprios instintos, e seu corpo acaba sendo leiloado na festa no jardim enquanto ele está distraído, conversando com Rose. Essa negligência o coloca em um perigo ainda maior, intensificando a urgência da fuga.
Sim, não só sabia como era responsável por levar amigos e namorados negros para o projeto macabro.
Em “Get Out”, o aclamado filme de terror de Jordan Peele, o conceito do “Sunken Place” transcende a tela e se torna uma metáfora poderosa para a opressão racial na sociedade. O “Sunken Place”, um estado de paralisia mental onde a consciência da vítima é aprisionada, representa a impotência e o controle exercido sobre os negros por sistemas racistas.
Quando Peele declara “Estamos todos no Sunken Place”, lança um olhar crítico para a sociedade como um todo, sugerindo que todos nós, de certa forma, estamos presos em um sistema que nos limita e nos impede de alcançar nosso pleno potencial.
No filme, Chris, o protagonista, enfrenta um árduo caminho para se livrar do “Sunken Place” físico e mental da mansão Armitage. Sua jornada é marcada por obstáculos mortais e momentos de extrema violência, que culminam em um confronto final com cada membro da família.
Essa violência, embora chocante, pode ser interpretada como uma resposta às expectativas racistas impostas a Chris e aos negros em geral. Ao lutar com ferocidade, Chris demonstra sua recusa em se submeter à opressão e sua busca por liberdade e autodeterminação.
As Dificuldades da Fuga e as Armadilhas do Passado
A fuga de Chris da mansão Armitage não é um processo simples. Ele precisa lidar com as consequências de suas decisões, como a escolha de ajudar Georgina após atropelá-la. Essa ação, motivada por um desejo de redenção e culpa pela morte da mãe, o coloca em uma nova situação perigosa.
A cena em que Georgina chora e sorri ao mesmo tempo, revelando a luta entre seu eu verdadeiro e a consciência de Marianne, reforça a ideia de que Chris está preso em um ciclo de trauma e culpa. Ele se sente responsável por salvar os outros, mesmo que isso o coloque em risco.
No clímax do filme, Chris se depara com um último obstáculo: a polícia. A aparição de Rod, seu amigo, ao volante da viatura policial, traz um tom de humor ácido e suspense, brincando com as expectativas do público em relação à brutalidade policial contra negros.
Corra! é muito mais do que um simples filme de terror. Através de elementos como o “Sunken Place”, a violência simbólica e a crítica social, Jordan Peele convida o público a refletir sobre as raízes do racismo e os efeitos devastadores na vida dos negros.
Informação | Detalhes Técnicos |
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Filme: | Corra! Ano: 2017 |
Título Original: | Get Out |
Diretor: | Jordan Peele |
Gênero: | Mistério & Thriller, Terror |
Avaliação IMDB: | 7.8 |
Classificação etária: | 14 anos |
Duração: | 1h 44min |
Elenco: | Daniel Kaluuya, Allison Williams, Catherine Keener, Bradley Whitford, Caleb Landry Jones, Marcus Henderson, Betty Gabriel, LaKeith Stanfield, Stephen Root, Lil Rel Howery, Ashley LeConte Campbell |
Onde assistir: | Prime Video | Netflix |
Empreendedora digital, copywriter,
analista de SEO on-page, gestora de tráfego.
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