Hoje, dia 24 de Agosto de 2021, é aniversário de Ubajara. A cidade completa 106 anos de emancipação política.
Nessa data, é impossível não lembrar do professor Edmundo Macedo (in memoriam), do imenso amor que ele tinha por esse lugar, terra do Senhor da Canoa.
Pensando nisso, ontem bati um papo com uma ubajarense que há dois anos voltou a morar aqui:
Maria de Lourdes Alcântara Ribeiro, a Malu (na foto acima ela está ao lado do marido, Raimundo Ribeiro de Sousa – in memoriam).
Nós falamos sobre como Ubajara era alegre no passado, as festas no Clube, os tradicionais Reveillons, praticamente um desfile de moda.
As moças usavam longos vestidos e os rapazes sempre muito bem elegantes de terno — “engomadinhos” como se diz hoje no linguajar popular.
As músicas mais tocadas eram os boleros, um repertório no qual Malu guarda boas lembranças.
O que dizer dos carnavais que o Sr. Antônio Miranda organizava no Ginásio Municipal? Ela fala dos eventos com alegria e reclama que hoje as pessoas perderam o encanto, não querem mais se reunir.
“Mesmo antes da pandemia, a cidade já estava muito parada, muito morta”, disse, completando que: “hoje, o lazer é apenas ir a um restaurante, comer e voltar para casa”.
Eu concordei. É triste quando construímos muros em vez de pontes.
Mas vamos falar sobre isso depois, porque hoje é dia de cantar os parabéns para a aniversariante.
É aniversário Ubajara, feliz aniversário!
Tão bom quanto lembrar o passado é viver o presente, não é? Outro dia, um cidadão chamado Marcus Ribeiro (filho da Malu) apareceu na minha rede social.
Em seus posts, Marcus enaltece os benefícios de morar em uma cidade pequena como Ubajara.
Dono de um senso de humor inigualável, criou o bordão: SÓ EM UBAJARA.
Ele fala do clima maravilhoso, do preço do corte de cabelo, do pastel, do café.
Menciona também a acessibilidade, ou seja, poder trafegar de um lugar para outro sem congestionamentos, e muitos outros detalhes que, por incrível que pareça, quem mora aqui não se dá conta.
“Da minha casa para o centro dá 3Km, lá em Fortaleza era 14 quilômetros, mais o congestionamento de veículos. Aqui eu vou pra qualquer lugar numa boa”, afirma.
“Eu continuo com empresa lá, mas meu gasto é como Ubajarense”.
“Então é mais ou menos como receber em dólar e gastar em real. A barba que eu faço aqui de 12 reais, lá eu fazia por 50 reais.
O cafezinho que lá eu pagava 12 reais, aqui eu pago 6″, disse, enquanto tomávamos um cappuccino na loja de conveniências do Posto Colibri.
Aliás, eu não sabia onde ficava o lugar, porque inaugurou há pouco tempo… e isso rendeu boas risadas no WhatsApp.
Marcus contou que, em Fortaleza, foi assaltado duas vezes com arma na cabeça.
“O trauma que fica é tão forte que, mesmo dirigindo um carro blindado, o medo era constante quando os motociclistas encostavam na lateral”.
Bem, isso não significa que em Ubajara não temos violência. Infelizmente, temos. Entretanto, nada comparável às grandes metrópoles…
Perguntei o que mais chamou a atenção dele na pacata cidade. Ele respondeu: o acolhimento das pessoas.
“Aqui em Ubajara as pessoas ainda se cumprimentam. Na cidade grande se você falar com alguém, a pessoa já protege os pertences achando que vai ser assaltada”.
Ubajara é qualidade de vida!
Cansado da vida estressante de Fortaleza, Marcus estava buscando qualidade de vida quando adotou o combo completo: se mudou para Ubajara, fez reeducação alimentar, entrou pra academia e hoje recebe os cuidados de nutricionista e terapeuta.
Questionado sobre espiritualidade, afirmou que, antes, frequentava a igreja católica. “Mas o católico, normalmente, abre a Bíblia só para enfeitar a mesa. Já o evangélico, não.
Ele lê, quer aprender. Mas o que me levou a entrar na Adventista foi porque passei um momento muito difícil na vida”, disse.
“Então a amiga Arlete, esposa do meu primo Pedro Ângelo, junto com o pessoal da igreja orou por mim durante dois anos.
Eu não dava importância, até que, por curiosidade, fui assistir a um culto.
No final do evento, ela perguntou ao pastor se ele lembrava daquela pessoa por quem eles oraram, a resposta foi positiva. Então, eu percebi que ali era o meu lugar”, revelou.
Às vezes é preciso um olhar de fora para enxergamos o que temos de bom, não é verdade? Querida Ubajara, você é muito abençoada. Parabéns pelos seus 106 anos!
ESTE POST É DEDICADO A TODOS OS UBAJARENSES QUE FALECERAM VÍTIMA DA COVID-19
Leia também a história de João Ribeiro Lima e um artigo (do tempo do Orkut) que eu resgatei sobre a formação da Banda Superid.
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