Pular para o conteúdo

A enfermeira Rachted entrou para o Top 5 na lista de vilãos

A enfermeira Ratched, drama da Netflix, é criado por Evan Romansky com produtores executivos, incluindo Ryan Murphy, cujos créditos reúnem programas que chamam a atenção, como: Glee, American Horror Story, Pose, O político e Hollywood.

Para a maioria das pessoas que assistiram a Um Estranho no Ninho, o filme vencedor do Oscar de 1975 adaptado do romance do escritor Ken Kesey, de Oregon, o personagem da enfermeira Ratched é, se não totalmente vilão, um símbolo arrepiante de autoritarismo.

Quem é Mildred Ratched

Sarah Paulson e Louise Fletcher como enfermeira Rachted
Sarah Paulson e Louise Fletcher

A enfermeira Ratched é lendária: ela está na quinta posição na lista do American Film Institute dos 100 maiores vilões de todos os tempos (depois de Hannibal Lecter, Norman Bates, Darth Vader e a Bruxa Malvada do Oeste).

Não é pra menos. Assim como no filme de 1975 e no livro de Ken Kesey de 1962 no qual foi baseado, ela é cruel: aplica terapia de eletrochoque e lobotomias como retribuição até mesmo pelas menores infrações. 

É importante lembrar que, embora seus métodos sejam grotescos, na maioria das vezes ela estava operando dentro do que a medicina entendia ser os parâmetros de tratamento de doenças mentais na época. 

A atriz Sarah Paulson dá vida a Mildred Ratched. O ano é 1947. Ratched começa a trabalhar em um hospital psiquiátrico no norte da Califórnia, onde seu comportamento externo “desmente uma escuridão crescente que há muito arde dentro de si, revelando que verdadeiros monstros são feitos, não nascidos”.

A fotografia, o figurino e a trilha sonora da série são impecáveis. Na tentativa de humanizar Mildred Ratched, a história a apresenta como uma mulher empática e muitas vezes horrorizada com os maus-tratos dos pacientes, onde lobotomias, hidroterapia e outros procedimentos extremos são prescritos em excesso. 

Simultaneamente, também a mostra usando esses mesmos procedimentos,  bem como todas as formas de manipulação e sabotagem, para seus próprios fins.

Mais tarde, quando fica implícito que seu comportamento é resultado de um trauma de infância, a mensagem fica um pouco confusa. 

Homossexualidade x doença mental

Se há um ponto que Ratched mostra com sucesso é um espelho para o tratamento que a comunidade psicológica dava à homossexualidade na época. Por anos, isso foi visto como um transtorno de saúde mental.

Somente em 1973 a American Psychiatric Association removeu a homossexualidade do Manual de Diagnóstico e Estatística.

Ratched “diagnostica” vários personagens com lesbianismo e, assim, dá início a um tratamento o tanto quanto bizarro: a imersão do paciente em banhos de água extremamente quente e, em seguida, gelada.

Um dos principais temas de Ratched não é apenas o tratamento brutal usado contra pessoas consideradas doentes mentais, mas o que eles achavam que era uma doença mental.

A obra que inspirou a enfermeira Ratched

Livro Um Estranho no Ninho
Um clássico da contracultura que retrata os psicodélicos anos 60. O romance de Ken Kesey é inspirado em suas próprias experiências quando participou de pesquisas no centro psiquiátrico de Califórnia. A história é protagonizada por McMurphy, um preso que escapa da condenação fingindo-se de louco.

Ratched é baseado na história real?

O romancista escreveu o livro com base em suas próprias experiências enquanto trabalhava no turno da noite em um centro de saúde mental na Califórnia.

Também é sabido que ele se inspirou em uma enfermeira chefe real com quem trabalhou no hospital e a descreveu como uma “tirana fria e sem coração”.

Portanto, embora a enfermeira Ratched seja fictícia, é baseada em uma pessoa de verdade mas, como o autor admitiu mais tarde, ele exagerou muito a crueldade da mulher em sua história para efeito teatral, transformando-a em um símbolo da barbárie e manipulação psicológica.