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Entrevista | Roberto Denser, autor de Colapso

Banner mostra o livro Colapso, de Roberto Denser, editado pela Dark Side.

No começo do ano, tive a felicidade de conversar com alguns leitores para escrever o artigo Apaixonados por DarkSide recomendam livros insanos da Caveirinha e, entre eles, entrevistei o querido escritor Roberto Denser.

Denser é paraibano, autor de Orquestra dos Corações Solitários, Para Elisa, entre dezenas de contos de horror. Seu mais recente livro, Colapso, foi editado pela DarkSide e está disponível na pré-venda (link do livro aqui).

Então, é com muita alegria que apresento aos leitores do BlogdaMonique uma nova entrevista com o autor, dessa vez para falarmos sobre Colapso, obra que merece todos os aplausos.

Continue a leitura para saber mais.

>>> Colapso Roberto Denser

Como você se sente tendo um livro publicado pela DarksideBooks sendo que você é fã confesso da editora?

ROBERTO DENSER: É uma tremenda realização pessoal. Como fã e autor de horror não há lugar mais apropriado para publicar livros desse gênero. Além disso, sou fã de todos os meus colegas de editora então acabo ficando bastante orgulhoso de estar ao lado deles também.

Antes de se tornar livro, Colapso foi um e-book. Neste, a história era dividida em três partes: “Depois do Fim”, “Na Estrada” e “Colapso”. Isso foi mantido no formato impresso? Pode explicar como essas partes se relacionam?

ROBERTO DENSER: Existem algumas diferenças substanciais entre a primeira versão e a atual. Colapso antes era um livro publicado de forma independente, agora é publicado por uma das maiores casas editoriais do Brasil e, como tal, passou por um processo multinível de editoração e que resultou em várias alterações, discutidas a fundo com meu editor. Dentre elas está a divisão do livro que, embora mantida em sua essência, sofreu algumas alterações.

Colapso se passa em um cenário pós-apocalíptico com uma premissa bastante sombria. As atuais mudanças climáticas contribuíram para você visualizar um mundo tão devastado?

ROBERTO DENSER: Definitivamente. É impossível ignorar a possibilidade de um futuro sombrio quando paramos para observar as consequências óbvias das atuais mudanças climáticas, não acha?

Nós estamos destruindo ativamente o nosso planeta, mas o que piora tudo é que estamos divididos entre aqueles que sabem disso, mas negam por conveniência ou imediatismo, numa política íntima de “não é problema meu, mas das pessoas do futuro”; aqueles que sabem disso e o afirmam, porém não possuem o poder necessário para fazer uma diferença substancial; e aqueles que negam todas as evidências apenas porque não querem acreditar nelas.

É uma coisa curiosa que aprendi sobre a crença: ela é muito mais oriunda de uma necessidade de acreditar em determinada coisa do que de uma busca honesta por uma verdade de fato.

Você tem uma trajetória diversificada, desde acadêmico de Direito até vendedor de sandálias magnéticas. Como suas experiências anteriores influenciaram seu processo de escrita e a criação de Colapso?

ROBERTO DENSER: Acho que de todas as minhas experiências pessoais, a que mais ajudou na construção do livro foi a do trabalho como açougueiro (risos).

Os personagens são complexos e, em muitos casos, moralmente ambíguos. Pode falar um pouco sobre o processo de criação deles?

ROBERTO DENSER: Meus personagens costumam aparecer de forma muito vívida para mim. Às vezes me sinto como se não tivesse nenhum controle sobre eles então, via de regra, eu apenas os deixo seguirem seus destinos. A ambiguidade moral à qual você se refere se deve principalmente ao fato de que inevitavelmente contrastamos a moral dos personagens com a nossa própria moral, mas ao fazer isso não podemos esquecer que eles pertencem a um contexto onde certos valores podem não só enfraquecê-los como também colocá-los em perigo mortal.

Você mencionou ao Jornal A União que, apesar de toda a desgraceira, Colapso é sobre esperança. Você se sente otimista no que diz respeito à resolução dos problemas ambientais que enfrentamos hoje?

ROBERTO DENSER: Não, eu não me sinto otimista em relação ao futuro da humanidade, sobretudo em relação aos problemas ambientais. A esperança à qual me referi é outra, muito mais circunstancial, digamos assim, e acho que o leitor que conseguir atravessar todas as páginas sombrias do livro vai acabar chegando a uma conclusão parecida.

Na resenha da Meire no Blog Salada Médica, ela menciona que a história se passa cerca de quatro décadas após um evento catastrófico com etiologia incerta. Pode compartilhar mais detalhes sobre esse evento e como ele moldou o universo do livro?

ROBERTO DENSER: Há pistas espalhadas por todo o livro, prefiro deixar os leitores especulando o que pode ter acontecido. Não acha mais divertido assim?

O autor de Colapso tem planos de expandir o livro em sequências?

ROBERTO DENSER: Quem sabe? É uma possibilidade que não descarto, mas vai depender muito mais do interesse dos leitores e da editora do que do meu próprio interesse.

A literatura nordestina está em destaque, com diversos autores ganhando notoriedade. Como você vê essa evolução e o papel que sua obra desempenha no cenário literário?

ROBERTO DENSER: Eu acredito que a literatura nordestina vive, sim, um ótimo momento. Comparável ao boom do início do século XX, com autores do chamado “regionalismo”, mas confesso que não sei exatamente quais as causas disso.

Se minha obra desempenha algum papel nesse sentido? No momento em que respondo essa entrevista, provavelmente não, mas me pergunte de novo dentro de dez anos e eu talvez tenha uma resposta diferente.

De minha parte, sendo bem honesto, eu sou apenas um cara querendo levar uma vida tranquila e, entre as obrigações do dia a dia, escrever boas histórias que sejam lidas por uma base sólida de leitores. Só isso.

Quais são os temas ou mensagens que você espera que os leitores extraiam quando terminarem a leitura de Colapso?

ROBERTO DENSER: Antes de mais nada, espero que eles se divirtam. Não quero dizer como o livro deve ser lido porque desconfio que o autor, ao falar de sua obra, inevitavelmente a enfraquece, sobretudo quando diz de que modo a obra deve ser interpretada.

Por fim, você mencionou o desejo de que Colapso ganhe projeção nas telas. Se pudesse escolher o elenco da trama, quem seriam seus atores preferidos?

ROBERTO DENSER: Ah, naturalmente tenho alguns atores em mente, mas quanto a isso eu prefiro ser surpreendido (risos).


Por Monique Gomes

Empreendedora digital, copywriter,
analista de SEO on-page, gestora de tráfego.