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Como superar padrões estéticos na era do chip da beleza?

A busca pela aparência perfeita tem sido uma preocupação constante. O uso de métodos invasivos, a exemplo do chip da beleza, está se popularizando como forma de alcançar resultados rápidos e supostamente saudáveis.

Nesse cenário, a imposição de padrões estéticos irreais que privilegiam corpos esbeltos, rostos simétricos e peles impecáveis gera pressão social em homens e, principalmente, mulheres.

Saiba o que é o chip da beleza, quais os riscos e dicas para você superar os padrões estéticos.

Afinal, o que é o chip da beleza?

O chip da beleza é um dispositivo eletrônico que é implantado na pessoa para monitorar a saúde cutânea e melhorar a aparência da pele.

Ele é bem pequeno, com cerca de 2 mm de diâmetro, e pode ser inserido com ajuda de uma agulha fina.

O tratamento, que não é aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), promete resultados como: emagrecimento, aumento da disposição física e da massa magra sem necessidade de grandes esforços.

Quais os riscos para a saúde?

O médico Alexandre Hohl, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, expressou crítica negativa em relação ao procedimento durante uma entrevista à CNN.

Ele destacou que “os derivados anabolizantes, como a testosterona e a gestrinona, são frequentemente utilizados, sobretudo por mulheres, sem nenhuma indicação médica para tratamento de doenças”.

Ou seja, o objetivo é único e exclusivamente estético.

O médico mencionou que os principais efeitos colaterais causados pelo “chip” incluem:

  • mudanças na pele;
  • aumento de pelos;
  • oleosidade;
  • queda de cabelo;
  • voz mais grossa nas mulheres;
  • alteração no tamanho do clitóris;
  • alteração na menstruação/fertilidade;
  • alteração nas funções cardíaca e hepática.

O chip da Beleza não é um método reconhecido pela medicina e sua utilização pode trazer graves consequências para a saúde feminina. De acordo com Alexandre, os riscos são muito maiores do que os benefícios do procedimento.

Como superar padrões estéticos?

Chip da beleza: mulher olha para espelho quebrado

No livro “O mito da beleza: Como as imagens de beleza são usadas contra as mulheres”, Naomi Wolf argumenta que as imagens de beleza são baseadas em um padrão inatingível e que são usadas para manter as mulheres presas em um ciclo interminável de insatisfação com seus corpos.

Saiba como começar uma mudança cultural que valorize a diversidade em vez de um padrão limitado de beleza:

Busque o prazer de ser  livre

Não há nada errado em querer se sentir bonita e desejável. Continue gostando (ou não) de brincar com maquiagem, usar roupas bonitas, arrumar o cabelo, manter o corpo em forma etc.

Como Naomi diz no último capítulo do livro:

“A verdadeira questão não tem nada a ver com o fato de as mulheres usarem ou não maquiagem, ganharem ou perderem peso, fazerem cirurgia ou evitarem, vestirem-se com ou sem roupas, transformarem nossas roupas, rostos e corpos em obras de arte ou ignorar adornos juntos. O verdadeiro problema é a nossa falta de escolha”.

Se você começar a se sentir desequilibrada com algo em sua rotina de beleza, pergunte-se:

  • você está no controle ou isso está controlando você?
  • Isso é algo que você quer fazer ou precisa fazer?
  • Você ainda se sentiria bonita sem isso?

Alimente sua alma

Por que somos tão obcecadas com a perfeição física? A concentração exagerada no corpo causa distração no autodesenvolvimento e crescimento espiritual.

Pense em todo o tempo e energia que teremos quando mudarmos o foco de odiar o nosso corpo. O que você pode oferecer além da sua beleza física?

Entenda que beleza é subjetiva

A ditadura da beleza tenta fazer com que exista um padrão universal e atemporal de beleza. A verdade é que a beleza é subjetiva e muda conforme a época.

Uma maneira mais saudável de se sentir bonita é se reconhecer como pessoa. Todos os seus talentos, interesses, características físicas únicas, desde a maneira como você sorri até a como se move compõem quem você é.

Monitore o que você vê e lê

Nas fotografias alteradas digitalmente, há centenas de lembretes de que você não é boa o suficiente.

Então, evite seguir perfis nas redes sociais que façam você se sentir mal. Hoje, é mais fácil que nunca encontrar e seguir mulheres inteligentes de todas as formas, culturas e origens.

Leia livros de autoras femininas, procure arte e filmes produzidos por mulheres, apoie empresas pertencentes a mulheres, aprenda sobre mulheres fortes na história.

Preencha seu feed com pessoas que tenham coisas interessantes a dizer.

Seja aliada de outras mulheres

“A terrível verdade é que, embora o mercado promova o mito, seria impotente se as mulheres não o impusessem umas às outras. Para que uma mulher supere o mito, ela precisa do apoio de muitas mulheres. A mudança mais difícil, mas necessária, não virá dos homens ou da mídia, mas das mulheres, na maneira como vemos e nos comportamos em relação a outras mulheres”. Citação do livro

Seja gentil com qualquer pessoa que esteja passando por lutas de imagem corporal. Se você já ouviu uma mulher se rebaixar, seja rápida em contra-argumentar.

O mito da beleza também coloca mulheres mais jovens contra mulheres mais velhas, o que é lamentável.

Treine-se para ver a beleza nas mulheres de todas as idades e origens. Quando você puder fazer isso em vez de apontar as falhas de todos que encontrar, será muito mais fácil ver a beleza em si mesmo.

Invista em você

Como diz Naomi em Mito da Beleza: “Vence a mulher que se considera bonita e desafia o mundo a mudar para realmente vê-la.”

Em outras palavras, continue investindo em você, na sua educação, no seu crescimento, na sua saúde física e emocional, nas suas paixões.

Se ninguém quiser te contratar, promover ou te dar a oportunidade que procura, encontre um grupo de apoio e comece seu próprio negócio.

Como você viu, o chip da beleza é um método que promete muito, entrega pouco e oferece diversos riscos. É importante superarmos padrões estéticos para minimizar os efeitos negativos da ditadura da beleza.

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Por Monique Gomes

Jornalista, copywriter, cinéfila e livre de glúten.