Se você é apaixonado por boas histórias, vai amar a série brasileira Cidade Invisível, na Netflix.
COMO ASSIM NINGUÉM TINHA PENSADO NISSO ANTES? A última vez que a arte representou personagens do nosso folclore, como Saci Pererê, Curupira ou Cuca, foi no Sítio do Pica Pau Amarelo!
Para nóóóssa alegria, o diretor Carlos Saldanha teve a brilhante ideia de criar uma série para adultos.
A obra é estrelada por Marco Pigossi, Alessandra Negrini, Julia Conrad e elenco.
Embarque nessa leitura!
Cidade Invisível: série Netflix
Em um flashback, dois homens caminham pela floresta tropical à noite, quando um deles decide atirar em um pássaro por esporte e é apunhalado nas costas.
O agressor é uma criatura com cabeça em chamas e pés voltados para trás.
A partir daí, acontecem episódios bizarros, como:
o frequente aparecimento de um menino misterioso (Saci);
o surgimento de um boto cor-de-rosa na praia;
a relutância da polícia em encontrar os culpados de um possível crime.
Eric (Marco Pigossi), um oficial da polícia ambiental, acredita que tudo está relacionado.
O folclore brasileiro é riquíssimo e, a exemplo da mitologia grega e da romana, contém personagens munidos de sentimentos humanos, como: raiva, luxúria e vingança.
Como diria Nietzsche: Humano, demasiado humano.
Personagens do folclore brasileiro em Cidade Invisível
Curupira
Segundo os estudos de Ermando de Stradelli (1852-1926), conde italiano citado por Câmara Cascudo em ‘Antologia do Folclore Brasileiro’, o Curupira:
é a ‘mãe do mato, tem os pés virados para trás, os cabelos vermelhos e como fiel vigilante da mata é inimigo de pessoas que matam animais por prazer’.
Ainda de acordo com o mesmo autor, conta-se entre os povos indígenas da região do Rio Negro e Solimões que em uma das penalidades impostas pelo Curupira, o caçador lança a flecha acreditando ter mirado em um animal.
No entanto, quando verifica o corpo, percebe que matou sua esposa, o filho ou um amigo.
O Curupira tem a aparência de um menino de, aproximadamente, 12 anos, anda correndo pelas trilhas no meio da mata.
Ele usa diversos enfeites pelo corpo: colares, pulseiras, braceletes e apenas uma tanga feita de folhas trançadas. Tem pele clara e cabelos ruivos, da cor de fogo intenso.
Dependendo da região do Brasil, recebe diferentes nomes, como: Caipora, Pai do Mato, Caiçara, Caapora, Anhanga etc. Alguns dizem que ele é um primo distante dos Duendes e Gnomos da Europa.
Esses seres têm algo em comum: vivem na floresta e, muitas vezes, atacam quem se atreve a entrar.
O bicho com cabeça de fogo protege a mata, inclusive pune quem não respeita a natureza. Contam que ele aparece de repente, correndo velozmente montado em um porco selvagem para atacar o agressor.
Cuca
Uma das lendas brasileiras mais conhecidas é a da Cuca, uma velha feia que pode ter várias formas, a mais conhecida é a de um crocodilo humanoide que rouba crianças desobedientes.
Na série Cidade Invisível, ela se transforma em borboleta. A criatura dorme apenas uma vez a cada sete anos, elemento que os pais costumam usar para assustar os filhos que não querem dormir.
A canção é: “nana, neném, que a Cuca vem pegar…”, querendo dizer que a Cuca vai pegá-los se não forem dormir.
‘Cuca’ vem do mito galego da ‘Coca’ ou ‘Cucuy’, ser masculino monstruoso que foi trazido para o Brasil e adaptado para a versão feminina.
A palavra em português significa “a coroa da cabeça” ou “o lugar mais alto”. De forma bastante assustadora, em tupi (língua indígena brasileira), ‘Cuca’ significa “engolir algo de um só gole”.
Saci Pererê
Inicialmente era tido como a alma de um Pajé maléfico que lançava seus desafetos à desgraça.
Quando o mito foi se espalhando do Amazonas ao Rio Grande do Sul, o Saci se transformou em um menino que se diverte à noite fazendo viajantes se perderem no caminho.
A versão do Saci que melhor conhecemos é criada no Estado de São Paulo, na qual é um garoto negro que usa boina vermelha, tem uma perna só, faz travessuras e foge rindo. Está constantemente fumando um cachimbo.
Diz-se que cada redemoinho de poeira contém o brincalhão incorrigível dentro. Dependendo da região, a identidade da criatura varia de ser simplesmente travessa ou sadicamente má.
Ele pode desaparecer e reaparecer à vontade e gosta de causar pequenos danos por diversão, como:
queimar feijão, azedar o leite, dar nó em pano de prato, roubar brinquedos de crianças e xingar ovos de galinha para evitar que os pintinhos nasçam.
Iara
Uma Iara é uma sereia. Seu nome significa mãe das águas em Tupi e é descrita como ninfa, sereia ou sereia que vive nos rios da Bacia Amazônica, dependendo da região em que a história é contada.
Iara, com sua beleza mortal e pele cor de cobre, canta uma canção encantadora para atrair os homens para a água. Qualquer homem deixaria tudo para ir morar com ela, uma vez que está sob seu feitiço.
Segundo a tradição oral do folclore brasileiro, ela foi uma bela jovem, orgulho de sua tribo indígena, que despertou a inveja de dois irmãos.
Quando eles decidiram matá-la, ela os matou em legítima defesa. Furioso, o pai não esperou para ouvi-la e a fez se afogar no rio.
Dizem que pode ser vista tomando banho nas cachoeiras, ou sentada nas pedras das corredeiras dos grandes rios.
Quando percebe alguém ou uma embarcação se aproximando, começa um canto maravilhoso e logo os homens ficam totalmente cegos pela sua beleza estonteante.
Assim, muitos barcos perdem a direção, batem nas pedras ou são arrastados pelas correnteza. Aquele que for seduzido por Iara não volta para casa, pois desaparece com ela nas profundezas das águas.
Tapire-iauara
Uma anta, um mamífero nativo das florestas tropicais da América Central e do Sul e do Sudeste Asiático, é conhecido por ser manso e gentil. A ninfa da anta, entretanto, não é nenhuma dessas coisas.
A criatura semelhante a um porco é aproximadamente do tamanho de uma vaca, com orelhas caídas e características de um jaguar.
Os lentos pântanos de água ou manguezais do Brasil e da Venezuela são onde geralmente caça suas presas, mastigando quase tudo, de roedores capivara a jacarés e os pescadores ocasionais.
O odor do Tapire-iauara é tão forte que pode fazer você desmaiar, matá-lo ou forçar sua sombra – e, portanto, sua alma – a fugir do corpo!
Boto cor-de-rosa
Na lenda brasileira, o boto cor-de-rosa emerge das águas e se transforma em um homem charmoso nas noites de lua cheia. Com um chapéu grande, seu objetivo é encontrar a donzela mais desejada, engravidá-la e depois abandoná-la com o bebê.
Como conta Giovanni Salera Júnior, autor de Lendas Brasileiras, existem dois tipos de Botos na Amazônia: o rosa e o cinza.
Os moradores locais dizem que o Boto rosa se transforma em rapazes brancos e loiros, enquanto o Cinza em jovens morenos e mulatos, ambos igualmente belos e com grande poder de sedução.
Os mais velhos dizem que esse animal misterioso age em duas situações. Durante o dia, fica subindo e descendo os rios para observar e, assim, encanta a mulher que o está admirando.
Durante a noite, ele sempre frequenta festas populares.
Com um jeito de galã e ótima lábia, se dedica a cativar principalmente adolescentes puras e belas mulheres desacompanhadas.
Com muito charme, rapidamente seduz e as convence a acompanhá-lo para um passeio no fundo do rio, local onde costuma engravidá-las.
Corpo seco
Essa é uma das lendas menos conhecidas da série, porém, bastante assustadora. O Corpo Seco seria um menino que passou a vida sendo desobediente.
Quando morreu, foi dispensado tanto pelo céu quanto pelo inferno e, mesmo assim, a própria terra não quis aceitar seu corpo e o cuspiu.
Logo, ele passa a eternidade nas florestas, camuflado nas árvores, abraçando os desavisados que passam por ele com o corpo decomposto.
Tutu Marambá
Espécie de bicho-papão, Tutu Marambá é um ser que não tem forma definida e está sempre na escuridão.
Esse personagem tem suas raízes nas lendas dos ogros africanos e é mais conhecido por uma canção popular em que pega crianças artesãs.
O que acontece na segunda temporada de Cidade Invisível?
A Netflix lançou a segunda temporada com cinco novos episódios. Gravada em Belém, no estado do Pará, tem a floresta amazônica como cenário de fundo, enquanto parte da primeira mostrava o Rio de Janeiro.
A narrativa continua com Eric procurando pela filha, Luna. Ela ficou sob os cuidados de Cuca enquanto o pai estava fora. Avançamos dois anos no tempo e acompanhamos a menina buscando uma maneira de trazer o pai de volta.
Nessa trajetória, conhecemos outros contos populares brasileiros como Lobisomem e Mula Sem Cabeça.
No geral, a trama se divide em dois pontos: a busca por Marangatu (uma dimensão espiritual) e a busca de Eric pela filha. Vemos também o lado sobrenatural de Eric, que foi pouco explorado na primeira temporada.
Metade humano e metade entidade, o personagem trazia uma perspectiva humana no início da série, o que servia como um guia para o mundo do folclore.
Em qual entidade Eric se transformou?
Por fim, vemos Eric se transformar em um boto cor-de-rosa, um importante símbolo do folclore brasileiro.
Conhecido como uma figura xamânica na mitologia brasileira, o boto rosa frequentemente representa a transição de um estado de ser para outro.
A transformação de Eric pode representar sua própria transformação de humano em divino. Ele também tem a habilidade de tomar o poder das pessoas e o faz diversas vezes durante a temporada.
O que acontece com Débora em Cidade Invisível?
Débora pode obrigar os outros a fazerem qualquer coisa. Ela era a irmã gêmea de Honorato, uma entidade protetora.
A lenda Paraense da Cobra Norato, ou apenas Honorato, fala sobre uma serpente encantada que vivia no fundo do rio com sua irmã gêmea Maria Caninana.
Há muitos anos, quando o pai de Castro foi procurar Marangatu, ele usou o poder do Lazo para encontrar ouro e chegou ao lugar sagrado.
Logo em seguida, foi a procura dos gêmeos para se certificar de que o local não havia protetores. Ele então matou a mãe de Débora e a sequestrou, criando-a como se fosse sua filha.
Débora só começa a recordar do seu passado quando volta com Telma para sua aldeia natal. Com as memórias recuperadas, ela volta a ser fiel ao seu povo.
Mesmo sem seus poderes, Débora confronta Castro quando ele chega com seus homens.
O que acontece no final da segunda temporada?
Eric absorve o poder de Lazo para encontrar Marangatu mas, ao caminho de lá, se depara com Matinta.
Ela lhe mostrou memórias passadas, onde orquestrou tudo para que Luna trouxesse de volta o protetor de Marangatu através do colar.
Matinta também deixou claro que Inês não sobreviveria sem o seu poder, pois já tem cerca de 200 anos.
O encontro tão aguardado acontece: Eric encontra Luna. Eles viajam até Marangatu, onde Eric se sacrifica na água e devolve as entidades aos seus habitantes originais.
Luna encontra Debora, devolve seu colar e ela toma seu lugar de direito como protetora de Marangatu depois de seu irmão.
Castro é levado ao tribunal por prejudicar o meio ambiente e explorado seus recursos por muitos anos. O juiz o considera culpado e o manda para a prisão, mas Castro diz que logo será solto.
No entanto, quando ele chega em sua cela, encontra uma cobra. Assim, Debora completa sua vingança.
Será que vem terceira temporada por aí?
A Netflix demora semanas ou até meses para analisar os dados que apontam se é viável ou não investir em novos episódios de uma série.
No entanto, com o sucesso de Cidade Invisível tanto aqui no Brasil como os comentários positivos de espectadores no exterior, a terceira temporada é quase certa.
O folclore brasileiro conta com mais de 300 personagens! Imagina quantas temporadas renderiam?
Além do mais, temas relevantes como preservação ambiental, resgate da cultura popular e as relações humanas com o místico dão muito material para ficção.
Alexa tem skill de folclore brasileiro!
Que tal aprender mais sobre o nosso folclore com a Alexa? Para ativar a skill, é só falar: “Alexa, abrir folclore brasileiro”. Ela vai narrar informações sobre um determinado personagem. Se quiser conhecer outros, repita o mesmo comando.
E aê, você tá curtindo Cidade Invisível, pretende ver ou já maratonou todos os episódios de uma tacada só? Que personagem do folclore brasileiro você gostaria que aparecesse na próxima temporada?