Rainha Cleópatra, série documental Netflix, gerou controvérsia com o próprio território do Egito tentando proibi-la completamente.
O fato é que, mesmo após 2.000 anos da morte da bonita, ainda especulamos e debatemos sobre seu poder, sexualidade e raça, em grande parte devido à escassez de informações concretas.
A maior parte das informações que temos vem de fontes gregas e romanas, algumas das quais foram escritas muito tempo depois que ela morreu.
Quem foi Cleópatra?
Rainha do Egito (51–30 aC), Cleópatra influenciou ativamente a política romana em um período crucial. Era especialmente conhecida por seus relacionamentos com Júlio César e Marco Antônio.
Cleópatra VII foi a mais famosa das governantes egípcias com esse nome. Ela nasceu na realeza em Alexandria em 69 a.C., como a segunda de cinco filhos do rei Ptolomeu XII e sua esposa Cleópatra V. Tryphania.
Tornou-se rainha aos 18 anos. Além dos estudos em medicina, aprendeu filosofia, retórica e oratória. Acredita-se que falava muitas línguas além do grego nativo.
Embora tenha sobrevivido a todos os irmãos que ambicionavam o poder, se envolveu em casos escandalosos com as principais figuras militares de Roma.
Reinou por 21 anos antes de cometer suicídio em agosto de 30 a.C.
Por que o Egito tentou barrar a série na Netflix?
A diversidade racial do elenco é o cerne da controvérsia em torno da série documental dramática da Netflix, intitulada Rainha Cleópatra.
Adele James, uma atriz britânica de herança mista, interpreta Cleópatra como uma governante egípcia de raízes africanas, o que tem causado indignação entre alguns egípcios.
O advogado egípcio Mahmoud al-Semary chegou a tomar medidas legais para retratar a Netflix, tentando bloquear a gigante do streaming completamente do país.
A alegação é de que a série documental viola as leis de mídia do país e tenta “promover o pensamento afrocêntrico”.
Enquanto isso, o egiptólogo Zahi Hawass disse que não estava feliz com o retrato “completamente falso” da famosa rainha, que ele alega ser inteiramente grega e “não negra”.
Por outro lado, um produtor da Netflix defendeu a escolha da Cleópatra com pele negra. O argumento dele é que a herança da rainha é altamente debatida e suas possíveis origens são explicadas pela egiptóloga na série.
A produtora executiva e narradora do programa, Jada Pinkett-Smith, também afirmou a importância de contar histórias sobre rainhas negras e destacar a presença delas na história.
Mistério em torno da Rainha Cleópatra
Embora partes da árvore genealógica de Cleópatra sejam um pouco obscuras, a maioria de seus ancestrais se casou com irmãos para produzir descendentes coloniais puros governando o Egito.
A partir da arte criada durante a vida de Cleópatra, podemos ver que eles a retratam com uma aparência mais mediterrânea-grega.
As citações que incitam a controvérsia incluídas no trailer foram tiradas completamente do contexto.
Na realidade, os comentaristas fazem questão de diferenciar entre o que sabemos sobre Cleópatra e o que não sabemos.
Eles também enfatizam o quanto ela se tornou mitificada – alguém sobre quem as pessoas podem projetar suas próprias ideias e até desejos.
Não sabemos a identidade da avó materna de Cleópatra. O pai, Ptolomeu XII, era ilegítimo e a mãe pode muito bem ter sido uma cortesã egípcia.
Foi sugerido, com base na habilidade de Cleópatra com a língua egípcia e devoção ao panteão egípcio, que ela pode ter sido um membro da família que detinha o sacerdócio hereditário de Ptah.
A influente família governante ocupou cargos de alto nível em antigas cidades egípcias como Memphis. Não temos retratos dela identificados com segurança além daqueles encontrados em moedas, os quais variam consideravelmente.
Portanto, qualquer reclamação sobre as especificidades da sua aparência pode ser descartada com segurança. Assim como declarações abrangentes sobre a identidade: Cleópatra era simultaneamente macedônia, egípcia e romana.
Habituada a enfatizar diferentes aspectos pessoais para atender diferentes públicos, ela não se consideraria nem branca nem negra, pois os conceitos modernos de raça lhe seriam desconhecidos.
Egito anunciou novo documentário sobre Cleópatra
O canal “al-Wathaeqya” divulgou que começou a produzir uma obra sobre a “verdadeira história” de Cleópatra.
O diretor disse em comunicado que:
“começaram os preparativos para produzir um documentário sobre a rainha Cleópatra VII, filha de Ptolomeu XII, conhecido como Cleópatra, o último rei da família ptolomaica, que governou o Egito após a morte de Alexandre, o Grande.”
O anúncio foi bem recebido pelo público, que exigiu que fosse divulgado rapidamente e traduzido para vários idiomas para que o mundo em geral tenha uma imagem melhor da história egípcia.
Como é tradição em documentários, estão trabalhando com vários especialistas em história, arqueologia e antropologia a fim de submeter as pesquisas relacionadas ao nível máximo.
A atitude é uma reação à Netflix sobre a história de Cleópatra, “que a fez parecer morena como se suas origens fossem africanas e não macedônias”, segundo eles.
O advogado egípcio exigiu uma ação judicial séria contra os responsáveis pela realização da série. Ele culpou a equipe de gestão da Netflix por sua participação no que chamou de “crime”.
Como seria o rosto da verdadeira Cleópatra?
Enquanto muitos de nós imaginam Cleópatra como uma mulher branca e magra como a que foi retratada pela atriz Elizabeth Taylor no filme Cleópatra, lançado em 1963, a realidade histórica revela uma perspectiva diferente.
Cleópatra, como rainha do Egito, estava imersa em uma cultura rica em influências helenísticas, núbias e semitas.
Em 2017, Sally-Ann Ashton, uma renomada egiptóloga da Universidade de Cambridge, empreendeu um esforço para reconstituir o verdadeiro rosto da rainha.
Ela utilizou moedas antigas e esculturas encontradas no templo de Dendera para traçar o perfil étnico autêntico de Cleópatra.
Após uma extensa pesquisa, as conclusões foram reveladoras: Cleópatra possuía um nariz proeminente, um queixo pontudo e lábios finos. Tinha a pele escura e media, aproximadamente, 1,52 m.
É importante reconhecer que a representação histórica difere significativamente das interpretações idealizadas que prevaleceram no cinema.
Essa perspectiva realista nos convida a enxergar Cleópatra como uma líder poderosa e carismática, cuja influência transcendeu os atributos físicos estereotipados que foram associados a ela ao longo do tempo.
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Por Monique Gomes
Empreendedora digital, copywriter,
analista de SEO on-page, gestora de tráfego.
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