No Lugar da Outra (2024, Netflix), dirigido por Maite Alberdi, é uma obra cinematográfica engenhosa baseado na vida real da escritora María Carolina Geel.
O filme explora as consequências de um crime passional que chocou o Chile, quando a mulher foi flagrada atirando no amante em hotel de luxo.
A história se entrelaça com a vida de Mercedes, a secretária do juiz que começa a frequentar a casa de María. Continue a leitura para conhecer essa história incrível.
No Lugar da Outra História Real
O filme é baseado no livro intitulado As Homicidas, escrito por Alia Trabucco Zerán, que conta a história real da escritora María Carolina Geel (pseudônimo de Georgina Silva Jiménez).
Nos anos 1950, María Carolina Geel, uma escritora chilena de sucesso, se envolveu em um relacionamento com Roberto Pumarino, um homem 14 anos mais jovem e que, apesar de ser casado, decidiu deixar a esposa para ficar com ela.
O casal manteve um romance por cinco anos até que, em 1955, María cometeu um ato drástico: atirou em Roberto várias vezes dentro de um hotel. A motivação por trás do crime nunca foi completamente revelada, mas muitos especularam que o ciúme tenha sido o motivo.
De acordo com fontes próximas, Roberto teria pedido María em casamento diversas vezes, mas ela, determinada a manter a independência, sempre recusava. Pouco antes do assassinato, Roberto planejava deixá-la para reatar com uma antiga amiga, Alicia Castro.
Por que Mercedes fica na casa?
Mercedes, a protagonista central, é uma personagem fictícia, mas podemos considerar a possibilidade de que o casamento infeliz dela representa a vida que María Geel não queria, uma vez que a escritora rejeitou diversos pedidos de casamento do amante na vida real.
Mercedes gosta de ficar na casa da escritora porque se sente sufocada no casamento. Ela vive uma relação marcada por desconexão emocional e sensação de solidão profunda.
Sempre que Mercedes chega do trabalho, o marido e os dois filhos a esperam: a casa está uma bagunça, a pia cheia de louça suja e ela tem que cozinhar. Os filhos não a respeitam. Eles a chamam de “juíza” com ironia, já que era impossível uma mulher ser advogada naquela época.
Quem é Maria Carolina Geel?
Georgina Silva Jiménez, mais conhecida pelo pseudônimo literário María Carolina Geel, foi uma importante escritora chilena do século XX, conhecida tanto por suas contribuições à literatura quanto por um escândalo envolvendo o assassinato do amante.
Nascida em 1913, ela foi uma das primeiras autoras a abordar temas relacionados à liberdade intelectual e social das mulheres, algo considerado radical para a época. Sua obra se destacou pelo foco na vida feminina e pela promoção de escritoras chilenas.
Em 1955, Georgina foi protagonista de um incidente trágico quando disparou contra seu amante, Roberto Pumarino, no famoso Hotel Crillón, em Santiago. Esse episódio chocou a sociedade chilena e marcou sua vida pessoal e pública.
Ela também teve uma forte relação com outras escritoras renomadas, como Gabriela Mistral, que a ajudou a sair da prisão. Além de sua obra literária, Georgina é lembrada pela contribuição ao reconhecimento e à validação de outras escritoras chilenas.
Por que as escritoras usavam pseudônimos?
Nos séculos XVIII e XIX, muitas mulheres talentosas começaram a se destacar como escritoras, mas o preconceito de gênero era uma barreira. O trabalho literário de uma mulher era frequentemente subestimado, pois certos temas eram considerados inapropriados para elas.
As escritoras, então, buscavam maneiras de contornar essa discriminação. Uma das estratégias mais comuns era adotar pseudônimos masculinos. Essa prática permitia que elas fossem julgadas pelos méritos literários, sem o viés associado ao fato de serem mulheres.
Georgina Silva Jiménez optou por um pseudônimo feminino, María Carolina Geel, possivelmente para preservar sua imagem pública ou até mesmo criar uma identidade literária distinta, sem necessariamente esconder seu gênero.
No Lugar da Outra: Como foi o julgamento de Geel?
“Ela matou por amor, mas não por ele. Foi amor pela arte. Não foi homicídio, mas uma homenagem. Foi uma citação literária” – diz um personagem do filme.
A verdadeira motivação por trás do assassinato nunca foi esclarecida, tanto na ficção quanto na realidade, mas o julgamento dela foi transformado em um verdadeiro espetáculo midiático. Os jornalistas criaram um circo, disseminando rumores sobre a verdadeira motivação.
A cobertura da mídia não poupou esforços para retratar María como uma figura monstruosa. Relatos grotescos, como a afirmação de que ela teria bebido o sangue de Roberto ou o beijado após a morte, foram utilizados para criar a imagem de uma mulher irracional e violenta.
María escreveu um livro na prisão?
Sim. Conforme mostrado em No Lugar da Outra e confirmado pela história real, María publicou um livro enquanto estava encarcerada, no qual se retratava como uma vítima presa em um relacionamento tóxico. O livro, intitulado Cárcel de Mujeres, foi lançado durante a prisão.
O sucesso literário foi visto por alguns, incluindo o juiz do caso, como uma tentativa de obter fama a partir do crime – uma vez que ela não relatou os fatos para as autoridades. A obra gerou grande interesse público, com muitos leitores curiosos para entender o que aconteceu.
Por que o crime foi perdoado?
O crime de María Carolina Geel foi perdoado devido a uma combinação de fatores, incluindo o envolvimento de uma admiradora influente, Gabriela, que escreveu uma carta ao presidente chileno Carlos Ibáñez del Campo solicitando seu perdão.
Apesar de ser condenada a três anos de prisão por homicídio, o perdão presidencial permitiu que ela fosse libertada após cumprir apenas um mês na prisão após o julgamento. Essa clemência pode ter sido motivada por uma percepção de gênero.
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Informação | Detalhes Técnicos |
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Filme: | No Lugar da Outra Ano: 2024 |
Título Original: | El lugar de la otra |
Diretor: | Maite Alberdi |
Gênero: | Drama, Mistério & Thriller, Crime, História |
Avaliação IMDB: | 6.0 |
Classificação etária: | 14 |
Duração: | 1h 36min |
Elenco: | Elisa Zulueta, Francisca Lewin, Gabriel Urzúa, Marcial Tagle, Pablo Macaya, Cristián Carvajal, Natalia Valdebenito, Pablo Schwarz, Néstor Cantillana, Sebastián Apiolaza, Lucas Jadue, Adams Pino, Nicolás Saavedra, Nicolás Zárate, Francisco Pérez-Bannen, Patricio Strahovsky, María José Pargas, Emilio Edwards, Felipe Zepeda, Nelson Polanco. |
Onde assistir: | NETFLIX |
Por Monique Gomes
Empreendedora digital, copywriter,
analista de SEO on-page, gestora de tráfego.
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