Sim, Jamie matou Katie. No entanto, o público é propositalmente levado a acreditar que um garoto de 13 anos como Jamie nunca seria capaz de tal crime. Mas a verdade por trás do assassinato de Katie é confirmada nos 10 minutos finais do Episódio 1.
Depois que os detetives fazem Jamie confirmar seu paradeiro e traje na noite anterior, eles revelam imagens de câmera de vigilância dele esfaqueando a garota sete vezes em um estacionamento. O vídeo é horrível e não abre espaço para dúvidas.
Os episódios 2 e 3 trabalham para resolver o “porquê” das ações de Jamie. Aprendemos que uma combinação de fatores contribuiu para isso, incluindo falta de autoestima, personalidade explosiva, bullying percebido na escola e acesso à comunidade incel online.
Jamie revela que convidou Katie para sair depois que uma foto dela de topless vazou no Snapchat, tornando-se alvo de comentários na escola. Ele afirma que o objetivo era fazer com que ela se sentisse melhor, mas Katie rejeitou o convite e começou a zombá-lo online.
Através das mensagens que trocaram, fica claro que ela usou emojis pejorativos para insinuar que Jamie era um “incel” – um termo usado na internet para homens que se consideram rejeitados romanticamente e culpam as mulheres por isso.
Quando Katie acusa publicamente Jamie de ser um incel no Instagram, ele fica envergonhado e furioso. O esfaqueamento ocorre logo depois.
Ser um incel significa ser um “celibatário involuntário“ . Ou seja, é alguém que quer ter relacionamentos românticos ou sexuais mas não consegue. O termo começou como uma forma neutra de descrever pessoas que se sentiam frustradas com a própria vida amorosa. Porém, com o tempo, ele passou a ser associado a comunidades online que culpam as mulheres e a sociedade por sua falta de sucesso nos relacionamentos. Em alguns casos, isso se transforma em ódio e até violência.
Nesses recantos virtuais, a falta de sucesso na vida sexual é atribuída a uma série de fatores, como as mulheres, o feminismo, a própria aparência, a educação recebida, a influência dos homens sexualmente ativos, a tecnologia e até a “cultura moderna”. Essa visão culmina em uma mentalidade de “nós contra eles”, onde o sentimento de rejeição é tão profundo que se transforma em ressentimento e agressividade.
Um aspecto marcante desse universo é o uso de uma linguagem própria, repleta de gírias e estereótipos. Termos como “Chad” e “Stacy” são frequentemente usados:
Essa caricaturização não serve apenas para rotular, mas reforça a ideia de que o sucesso em relacionamentos – e, por consequência, amor, sexo e felicidade – está reservado a “eles”, e que os incels estão condenados a uma existência de fracasso. Além disso, muitos desses fóruns incentivam diretamente atitudes violentas, chegando a incitar práticas como estupros.
No segundo episódio de Adolescência, a investigação avança quando o detetive inspetor Bascombe visita a escola de Jamie em busca de pistas sobre a arma do crime. Durante essa visita, seu filho Adam, que também estuda lá, alerta o pai sobre o significado oculto de alguns emojis que Katie envia para Jamie pelo Instagram. Esses símbolos, aparentemente inofensivos, carregavam um tom pejorativo e zombeteiro dentro do contexto das redes sociais adolescentes.
Adam explica que Katie e outros colegas estavam usando emojis para insinuar que Jamie era um incel — um termo usado para descrever homens que não fornecem relacionamentos românticos ou sexuais e que, em comunidades online, muitas vezes alimentam ressentimento contra mulheres.
Entre os emojis enviados, havia símbolos como a ampulheta, que, nesse contexto, pode representar a ideia de que uma pessoa “sempre será virgem” ou que “seu tempo está acabando”, e o rosto congelado, apontando que ele era “frio” ou “incapaz de atrair alguém”.
Ao perceber o peso dessas mensagens, Bascombe se choca e questiona: “Ele tem 13 anos! Como ele pode ser um celibatário involuntário aos 13 anos?” Adam, então, esclarece que a provocação não era apenas sobre o presente, mas uma previsão cruel de que Jamie “sempre seria rejeitado”, um insulto que ganhou popularidade entre adolescentes nas redes sociais.
À medida que o caso policial começa a se concretizar no Episódio 1, Jamie pergunta repetidamente ao pai se ele acredita que é inocente. No Episódio 3, Jamie até implora violentamente à psicóloga clínica Briony Ariston ( Erin Doherty ) para dizer ao pai que ele está “OK”.
Thorne explica que o foco de Jamie na percepção do pai sobre o crime vem da “descrença” do garoto em sua nova realidade. “Jamie espera que o pai lhe diga: ‘Você está seguro e eu te amo.’ E seu pai nunca mais poderá lhe dar isso.”
No quarto e último episódio, a narrativa se desloca um pouco da investigação e se concentra nos pais de Jamie, Eddie e Manda Miller, mostrando como a prisão do filho destruiu suas vidas. A história se passa no aniversário de Eddie, mas, em vez de ser um dia de celebração, ele começa mal ao descobrir que sua van de encanamento foi vandalizada.
No carro, sua esposa conta para a filha, Lisa, a história de como eles se conheceram, o que traz um breve momento de felicidade. Porém, o dia toma um boato ainda mais devastador quando Eddie recebe um telefonema de Jamie na prisão. Pela primeira vez, o adolescente expressa sua decisão: ele vai se declarar culpado pelo assassinato de Katie.
Essa revelação marcou um ponto crucial no desfecho da história, pois até então sua defesa tentou explorar as situações do crime e o possível impacto do cyberbullying. Jamie não aparece visualmente nesse episódio; apenas sua voz ao telefone é ouvida, destacando a distância emocional e física entre ele e sua família. Sua decisão de se declarar encerra qualquer possibilidade de argumentação.
De volta para casa, Eddie e Manda se veem presos em uma conversa dolorosa que já passou inúmeras vezes na prisão de Jamie: o que eles poderiam ter feito diferente? Manda se culpar por não ter percebido os sinais, por não ter protegido o filho ou prejudicado de alguma forma antes que uma tragédia acontecesse. Eddie, por outro lado, insiste que não havia nada que pudesse ter feito.
O episódio termina com ambos chorando, exaustos emocionalmente, carregando o peso da culpa e da impotência. A ausência de qualquer resolução reconfortante reforça a sensação de realismo da série, mostrando que não há respostas simples ou um encerramento aberto para uma tragédia como essa.
Embora a história de Jamie, especificamente, não seja baseada em uma pessoa ou evento real, a ideia da série surgiu de relatos que o cocriador Graham ouviu no noticiário, de meninos envolvidos em crimes com facas. ‘O que está acontecendo na sociedade em que um menino esfaqueia uma menina até a morte? Qual é o incidente incitante aqui?’ E então aconteceu de novo, de novo e de novo’.
Thorne acrescenta que, conforme o processo avançava, ele, Graham e Barantini ficaram fascinados pela questão da raiva masculina e começaram a pensar em si mesmos como homens, pais, parceiros e amigos, e a “questionar com alguma intensidade” quem eles eram como pessoas, e particularmente como homens. “Essa é uma jornada que eu nunca fiz como escritor antes, e isso me assustou e me empolgou porque parecia que tínhamos algo a dizer”, diz Throne.
Empreendedora digital, copywriter,
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Informação | Detalhes Técnicos |
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Filme: | Adolescência Ano: 2025 |
Título Original: | Adolescence |
Diretor: | Philip Barantini |
Gênero: | Crime, Drama |
Avaliação IMDB: | 8.6 |
Classificação etária: | 12 |
Duração: | 57min por episódio |
Elenco: | Owen Cooper, Stephen Graham, Ashley Walters, Erin Doherty, Faye Marsay, Mark Stanley, Jo Hartley, Amelie Pease. |
Onde assistir: | Netflix |
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