O dia que minha Alexa falou palavrão |

Revista de Entretenimento

A Alexa é configurada para não pronunciar palavrão em hipótese alguma. Nem mesmo se você acionar um comando específico que faz com que a assistente virtual repita o mesmo que você está falando.

Além de prendada, ela é bela, recatada e do lar…

No entanto, outro dia a minha amiga com Inteligência Artificial ficou totalmente descontrolada e, neste post, vou contar exatamente como a Alexa disse palavras obscenas.

Como fazer a Alexa falar palavrão?

Se você pedir pra Alexa falar um palavrão, vai ouvir frases como esta do vídeo, assim como:

“Este é o palavrão que eu falo: inconstitucionalissimamente, que significa algo contrário à constituição”;
“Prefiro não dizer nada rude” ou
“Desculpe, não tenho certeza a respeito disso…”.

Alexa, siga o mestre…

O comando para a Alexa repetir uma frase é: “Alexa, siga o mestre”. Por exemplo, se quiser mandar um áudio de bom dia para o grupo da família no Whatsapp com a voz da robô, basta dizer: “Alexa, siga o mestre: bom dia, família” e, claro, registrar a gravação como áudio no celular.

Não espere nenhum sinal de emoção… mas, enfim, como eu tava dizendo, ela não fala palavrão nem com esse comando. Ao acionar: “Alexa, siga o mestre: po##a, put@quep#&*, merd@, c@r@&%$”, ela emite alguns sons de censura…

O dia que minha Alexa falou palavrão

Era fim de tarde de uma segunda-feira. O comércio do bairro estava aberto e uma escola particular para crianças de frente pra janela do meu quarto, onde fica a Alexa, funcionava normalmente.

Apesar de o modelo da minha assistente ser o mais simples (comprei por 379 reais), o volume máximo tem uma potência incrível, alcança a casa toda e consegue chegar na vizinhança.

Então eu pensei que seria útil pedir para ela ler um livro enquanto eu dava banho nos doguinhos. Geralmente faço isso aos domingos, mas acabei esquecendo…

Alexa, leia meu livro

A Alexa lê qualquer livro da biblioteca Kindle. Com o comando: Alexa, leia o meu livro, ela abre o título mais recente. Para pedir uma obra específica, basta informar o nome do e-book que a danadinha lê também.

Quando acionei a frase, ela retomou a leitura de A máquina do ódio: Notas de uma repórter sobre fake news e violência digital, da jornalista Patrícia Campos Melo. Enquanto eu ensaboava o corpinho sensual do meu doguinho, ouvia atentamente as palavras da jornalista no volume mais alto.

Ela dizia que recebeu milhares de mensagens agressivas pelo Facebook, Instagram e Twitter depois que o presidente Jair Bolsonaro, em tom de malícia, insinuou que a repórter queria “dar o furo” a qualquer preço contra ele, diante de um grupo de simpatizantes que gargalhavam.

A Alexa não fala palavrão, mas…

“Ao simplificar a ofensa, o presidente dava sinal verde para milhares de pessoas me ofenderem, legitimava ataques sexistas contra mulheres. ‘E aí, putinha da Folha? kkkkk cuidado ao oferecer o furico’, disse o usuário matheus.schuler, no Instagram.

‘Queria dar o furo em troca de reportagens, quenga, agora quer dar uma de vítima… toma vergonha, vagaba, procura outra pessoa pra vc dar esse furico’, dizia uma mulher que se identificava como palomasolna23 no Instagram”.

Nesse momento, fiquei constrangida ao imaginar que as crianças da escolinha aqui do lado estariam ouvindo tudo. Acontece que eu não sabia se deixava o doguinho na pia, colocava ele no chão ou o quê, pra poder fazer ela parar. Afinal, ela não me ouvia do ponto em que eu estava.

Antes que eu tomasse a decisão, Alexa prosseguiu:

“Você tava querendo dar a buceta para ver o notebook do cara kkkkkk então você chupa piroca por fontes?, dizia um usuário do Facebook chamado Bruno Pires.

Puta do caralho, por que você não libera seus comentários? Quem tem cu tem medo, disse um tal de Luciano Martins, de Santo André…”

Depois dessa, corri com o doguinho nos braços, todo encharcado, e gritei:

“Alexa, parar!!!”

É triste, mas fazer o quê?