No grupo de cinema no qual eu participo tava rolando uma discussão sobre qual a melhor atuação no filme História de Um Casamento (2020): Adam Driver ou Scarlett Johansson?
Na verdade, essa é a história de muitos casamentos
O filme de Noah Baumbach começa com monólogos que detalham o que Charlie (Adam Driver) ama em Nicole (Scarlett Johansson) e vice-versa. Os textos são cartas não enviadas, escritas por recomendação de um mediador de uma, até então, possível separação do casal.
A história é verossímil demais, real demais. As falas, até o silêncio, o olhar perdido no horizonte, o amor pelo outro que entra em conflito com o amor próprio. Uma verdadeira catarse emocional.
Mesmo em momentos mais difíceis da relação, ela se oferece para cortar o cabelo dele ou quer mantê-lo seguro ao amarrar um cadarço solto. Os dois se respeitam demais para ficar com raiva.
Pra quem não é crítico profissional, se torna quase impossível enxergar apenas o lado técnico na hora de apontar a melhor interpretação. Ora, qualquer espectador com o mínimo de sensibilidade que viveu o fim de um relacionamento consegue sentir mal estar do começo ao fim da obra. Esse impacto se deve ao trabalho de toda a equipe.
Quem acha o desempenho de Adam superior pode ter sido influenciado pela identificação com o personagem: a dor, a angústia, a impotência diante de uma separação que ele não queria.
O mesmo pode acontecer a quem escolher Scarlett. Que mulher nunca se sentiu sufocada por perder a própria individualidade numa relação? Eu me identifiquei demais com a personagem, mas reconheço que Adam foi tão visceral quanto ela.
Existe, ainda, quem tenha percebido a história pelo ponto de vista do filho do casal. Isso se justifica porque os pais desse espectador se divorciaram quando ele era pequeno.
Enfim, eu sou sincera quando digo que não consigo escolher um. Na minha opinião, é uma escolha injusta, pois os dois foram muito verdadeiros.
Curiosamente, Laura Dern, atriz que fez o papel da advogada da Nicole, levou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante.
- Pra você, um dos dois atuou melhor que o outro? Quem e por quê?
Um dos questionamentos que o filme traz assim que acaba é: aquele casamento poderia ter sido salvo?
Em entrevista ao portal The Atlantic, o terapeuta de casais Ian Kerner respondeu:
“Sentei-me com casais assim e dei a eles a chance de realmente expor suas experiências interiores, aprender e mobilizar-se com isso. Então eu senti como, por que eles estão se divorciando? Eles realmente precisam se divorciar agora? Eles são capazes de ir a lugares vulneráveis e sensíveis. Eles são capazes de gostar um do outro. Cada um deles tem experiências subjetivas do que ocorreu no casamento. Mas senti que havia um potencial real de ouvir e aprender um com o outro. Eles tinham a capacidade de aprender”.
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